AULA DE TÉCNICA VOCAL PARA REGENTES DE GRUPOS E CORAL COM ROSANA LUZ



B. FUNÇÃO DO REGENTE

Uma coisa é reger e outra bem diferente é dar aula de regência. É preciso muito mais de quer ser apenas um bom músico para ser Regente. A regência é o ato de transmitir a um conjunto instrumental ou vocal por meio de gestos convencionais, o conteúdo rítmico e expressivo de uma obra musical. A necessidade de se manter em uniformidade rítmica e expressiva, todos os planos sonoros de uma obra musical, fez surgir à figura do Regente. O regente tem um importante papel que é educar os cantores do grupo ou coral. Que vai muito além dos gestos de regência; Que é conduzi-los extraindo um bom resultado vocal de cada cantor sem condicionar; ensinando corretamente sem danificar a saúde vocal dos cantores; Trazendo com entendimento e entusiasmo entre o grupo harmonia e prazer em cantar. O regente de um coral deve atuar com a perspectiva de realizar um trabalho de educação musical dos integrantes de seu grupo.
1. PRIMEIROS PASSOS PARA SER UM REGENTE:

 Ser Humilde
 Ser Persistente
 Ser Sincero
 Ser Paciente
 Ser Flexível
 Ser Servo
C. QUALIDADES TÉCNICAS DO REGENTE

 O regente precisa coordenar as atividades do grupo

1. TER EXPERIÊNCIA NO COMANDO.

 Ser experiente, saber comandar, organizar com competência, calma.

A. Consciência melódica, harmônica e rítmica.

 Saber identificar, Interpretar sons agradáveis e sons sucessivos de uma ou mais frases musicais.

B. VISÃO GLOBAL DA PEÇA.

 Conhecer o que está passando para o coral. Ser fiel ao documento (partitura) conhecendo a origem, sua história, a época.

C. CLAREZA DE GESTOS.

 A linguagem gestual é rica e bem particular de cada regente. Esta comunicação deve ser entendida e sentida para ter efeito de dinâmica musical. Mais detalhes em "Linguagem do regente".

D. DOMÍNIO DA PEÇA

 Estudar com antecedência. Nem sempre as partituras são originais, são cópias de cópias, pouco legíveis e isso pode trazer uma série de transtornos. Corrigir as falhas, observar ritornelos, estrofes, solos etc. No caso de estar à partitura seriamente danificada, refazê-la, assim com certeza o regente dominará e conhecerá bem todos os detalhes da peça. Estudar naipe por naipe. Não existe algo mais desagradável em um ensaio do que o regente mudar, trocar, retornar a trocar certas notas. Normalmente isso não denota expressão de competência, trará insegurança ao grupo tornando o ensaio fatídico.

E. PSICOLOGIA DE GRUPO

 É importante conhecer a personalidade e voz de cada coralista. Guiar e orientar os cantores. Motivar e incentivar acima de tudo ser um modelo e exemplo.


D. DEFINIÇÃO DE GRUPO E CORAL

Na atividade de canto coral a tarefa, é claro, concentra-se no ato de cantar. Cantar no ensaio é diferente decantar em público. Do aprendizado de uma canção até sua apresentação para outras pessoas, passa-se por várias etapas: estudo da dicção, da acentuação, dos aspectos rítmicos e do significado do texto a ser cantado; treino da memória melódico-harmônica; realização de fraseados e dinâmicas; escuta e equilíbrio de cada voz com o naipe a que pertence relação de cada naipe com o coro na canção, movimento e expressão do que se canta na hora da apresentação – todas essas situações envolvem aprendizados de natureza diversa e que se inter-relacionam.
Coral é um grupo musical composto, basicamente, de cantores, profissionais ou não, que são classificados conforme a tessitura de suas vozes. Um coro misto, com vozes, adultas, masculinas e femininas, na música ocidental tradicional e erudita compõe-se de quatro vozes: Baixos, Tenores, Contraltos e Sopranos; e, algumas vezes, Barítono e Mezzo-soprano que na verdade são o mesmo que: segundo Tenor e o segundo Soprano. Chamamos de Naipe cada uma dessas subdivisões. Canto Coral, ou música coral, é a música escrita especificamente para vozes de coristas ( vocalistas; grupo coral). Hoje quando assistimos um “coral” cantar percebemos que os corais cantam com ou sem microfones laterais que captam a voz de todo o coro e quando cantam fazem poucos gestos de interpretação. E já os “grupos” é um conjunto de poucas pessoas e quando cantam usam microfones individuais e fazem mais gestos interpretações. O canto em grupo e coral se constitui em uma relevante manifestação educacional musical e em uma significativa ferramenta de integração social.

POSTURA REGENTE

A postura do regente é muito importante.
O regente precisa estar sem tensões totalmente relaxado a frente o coro.
Se o regente tenciona todo o coro fica tenso e a apresentação com certeza ficara ruim.


MARCAÇÃO DE COMPASSO
Para marcarmos os compassos indicando a divisão dos tempos através de movimento com a mão, usaremos o seguinte sistema:


O tempo mais forte é o mais acentuado.
Recomenda-se a maior precisão no marcar o compasso. É necessário que cada tempo seja batido livremente, sem hesitar não deixando a mão arrastar-se, o que sempre prejudica os valores e que todos os tempos sejam duma perfeita igualdade do início ao fim do trecho. Esta regra deve ser rigorosamente observada. Para isso deve-se cantar guiados pelos movimentos regulares das mãos (que serve então de metrônomo) e não guiar os movimentos das mãos pelo canto.
10 DICAS PARA UM BOM ENSAIO VOCAL
O ensaio deve fazer parte da rotina de todo ministério de música. Algumas pessoas têm uma visão fantasiosa a respeito dos músicos de sucesso supervalorizando a questão da INSPIRAÇÃO. Mas qualquer músico que se esforça para oferecer o melhor em seu ministério sabe que inspiração é importante, mas TRANSPIRAÇÃO é fundamental. O ensaio é a hora da transpiração, de dedicar tempo e atenção para que a música na casa de Deus seja feita com qualidade. Já ouvi muitos comentários do tipo: "Nós ensaiamos tanto, mas nada dá certo!" Talvez o ensaio não esteja sendo feito de forma eficaz e foi pensando nisto que resolvi indicar alguns caminhos para que você chegue ao ponto que deseja. Vamos juntos!
1. REGULARIDADE Procure fazer ensaios constantes, no mínimo uma vez por semana, isto é importante para integração musical e comunhão do grupo.
2. TEMPO Uma duração ideal para um bom ensaio deve ser em torno de duas horas. É difícil conseguir resultados reais em menos tempo, se você quiser fazer um ensaio mais longo dê um pequeno intervalo para água e descanso, precisamos lembrar que a voz é um instrumento delicado.
3. PRESENÇA A presença no ensaio deve se tornar obrigatória, não é justo que o grupo todo ensaie e no momento da ministração seja prejudicado por um "penetra" não é?
4. ESTRUTURA É importante ter um local específico para ensaio, um lugar quieto onde o grupo possa ter um pouco de privacidade. O ensaio vocal deve ser sempre acompanhado por um instrumento harmônico (teclado, piano, violão, guitarra ou play back) que garanta a afinação do grupo.
5. ORAÇÃO É verdade que ensaio é ensaio, não é hora de estudo bíblica e nem de orações sem fim, mas é importante orar no início do ensaio. Quando estamos trabalhando na obra muitas lutas se levantam precisamos lembrar que não é contra carne nem sangue que devemos guerrear. Efésios 6:10-18.
6. AQUECIMENTO Pense na voz como parte de seu organismo. Quando você abre os olhos de manhã, logo pula da cama e sai correndo pelo quarteirão para se exercitar? Claro que não! Da mesma forma a voz precisa se espreguiçar, precisa acordar, precisa aquecer. Exercícios de relaxamento, de respiração e alguns vocalizes tem esta função na técnica vocal. O grupo, ou alguém do grupo, precisa investir em uma boa aula de técnica vocal.
7. MATERIAL VISUAL Todo material escrito ajuda na memorização. Se souber escreva os arranjos, se não souber, registre ao menos a letra e acordes do cântico e distribua cópias. Peça que as pessoas anotem o que está sendo combinado: onde abrir voz, variações de dinâmica, repetições, etc.
8. MATERIAL AUDITIVO Se você vai ensaiar músicas já registrada em Cd, leve a gravação para que todos ouçam o arranjo original. O desenvolvimento da percepção musical é imprescindível para o bom cantor.
9. ORGANIZAÇÃO O ensaio precisa ter direcionamento, é bom que o repertório e o roteiro do ensaio estejam pré-definidos. A equipe deve ser agrupada com alguma lógica: homens e mulheres, por naipes (sopranos, contralto, tenor, baixo), ou da maneira que você achar melhor, mas faça desta divisão algo automático na cabeça do grupo.
10. PERSEVERANÇA Tenha paciência e não desista. Medite em II Pedro 1: 5-8. O ensaio é uma semeadura, nem sempre colhemos os frutos instantaneamente, mas o nosso trabalho não é vão no Senhor!
Mirella de Barros Antunes, é Professora de prática vocal, teoria e percepção.